SEBASTIÃO SALGADO, OU A LÓGICA ENERVANTE DO COLONIALISMO TARDIO
DOI:
https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.11.n.1.3378Palavras-chave:
Salgado, amazonialismo, colonialismo, sexualização, Jameson.Resumo
No dia 22 de setembro de 2016, o fotografo Sebastião Salgado recebeu na Universidade Federal do Acre (UFAC), o título de doutor honoris causa, e ministrou uma palestra, com o título “Sebastião Salgado – Uma História de Vida”. Neste trabalho, pretendemos discutir de forma crítica o papel de Salgado. Inicialmente, analisaremos o ritual performático de preparação da palestra, sustentando a hipótese de que esse ritual tenha uma função liminar, instrumental à entrada do público em uma dimensão transcendental, onde, conforme a formulação do carnavalesco proposta por Bakhtin, questionamentos, críticas e dúvidas são suspensas. Secundariamente, a partir da palestra de Salgado na UFAC, problematizaremos a discrepância entre as posturas esquerdistas que ele promove e o seu envolvimento em projetos corporativos de imenso impacto negativo, tanto ambiental quanto humano. Outrossim, com foco no trabalho de Gerson Albuquerque et al, tentaremos identificar o amazonialismo estereotipado e essencialista contido no discurso de Salgado. Finalmente, nos concentraremos no trabalho fotográfico e audiovisual apresentado ao final do evento, após a palestra: em particular, questionaremos a sexualização e a racialização dos sujeitos indígenas que comparecem nas fotos. Com base nos estudos de Jameson sobre a lógica do capitalismo tardio, concluiremos que Salgado, usurpando códigos e signos que pertencem à esfera simbólica da decolonialidade, se impõe violentamente como tardo perpetrador/promotor de uma opressão colonial que persiste há 500 anos.