Processos fonológicos num enunciado do português brasileiro falado em Porto Velho
Palavras-chave:
Linguajar rondoniense. Linguagem oral. Variação fonoestilística. Fonologia natural. Processos fonológicos. Línguas stress timing e syllable timing.Resumo
O artigo analisa instrumental e linguisticamente o enunciado "tédôidé" emitido por um falante do português brasileiro falado em Porto Velho/RO em três velocidades de fala e descreve os processos fonológicos, que, a partir de um registro considerado normal, se fortaleceram, de um lado, e se enfraqueceram, de outro, culminando no enunciado natural e espontâneo em foco. A gravação foi realizada na casa da informante durante uma conversa descontraída, que é quando os registros mais relaxados ocorrem. Segmentado o enunciado foco, foi-lhe sugerido que o repetisse de forma cada vez mais lenta, culminando com o registro dito silabado, extremo oposto do registro relaxado. O corpus resultante desse trabalho foi submetido a uma análise perceptual, refinada instrumentalmente através do programa Praat, e o resultado interpretado à luz da Fonologia Natural e da Fonoestilística. Como resultado, observa-se que no enunciado "tédôidé" ocorre uma sucessão de processos fortalecedores se a análise partir do registro mais relaxado para o mais enfático ou uma sucessão de processos enfraquecedores se a análise levar em conta o registro mais enfático na direção do mais espontâneo. Isso demonstra, como era de se esperar, que o enunciado foco "tédôidé" é apenas mais um exemplo de que o português brasileiro é uma língua de ritmo acentual/stress-timed, ou seja, contém forte tendência a apresentar processos de redução das vogais e consoantes e, portanto, emitindo as sílabas remanescentes em formato isocrônico.