O MODO DE INDIVIDUAÇÃO DO SUJEITO NACIONAL E SUA INSCRIÇÃO NO PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO

Autores

  • Élcio Aloisio Fragoso FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

DOI:

https://doi.org/10.48212/c&f.v1i001.4492

Resumo

Neste texto – em que refletimos sobre o processo de identificação e o modo de individuação do sujeito pelo Estado nacional, no século XIX, a partir da instituição literária romântica brasileira – trouxemos, primeiramente, o desdobramento teórico que Orlandi (1999) procedeu em torno do conceito de sujeito (a relação entre indivíduo/sujeito), inicialmente, formulado por Pêcheux, na Análise de Discurso, na década de 60. Considerando que ocorre uma individuação histórica da forma-sujeito em função da inserção do sujeito nas relações sociais regidas pelas instituições que são reguladas pelo Estado (Magalhães e Mariani, 2010), fazemo-nos a seguinte pergunta:  Como o discurso romântico, prática da instituição literária brasileira, individuava esse sujeito, como nacional, significado como filho da nação brasileira, e não como cidadão, crítico? Esta é a questão norteadora deste trabalho. Em relação ao autor romântico – e partimos, inicialmente, das formulações de Barthes (2004) acerca desta noção – este era individualizado, historicamente falando, como quem estava com a “verdade”, aquele que determinava o sentido da obra, e esse sentido era, evidentemente, o sentido certo, o verdadeiro. Ele tinha direitos sobre o leitor, isto é, o que o autor romântico falava era algo sagrado, inquestionável. A sociedade conferia este prestígio ao autor, em matéria de literatura, no século XIX. Mais do que isso, do ponto de vista da Análise de Discurso pecheuxtiana, este sujeito falava da (ocupava a) posição sujeito-autor da língua nacional.

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Referências

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Publicado

14/09/2019