COMPREENSÃO E ANÁLISE DO CIRCUITO INFERIOR DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGA NO BRASIL

Autores

  • Daniel Monteiro Huertas Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), campus Osasco

DOI:

https://doi.org/10.36026/rpgeo.v3i2.1877

Resumo

Este artigo tem como objetivo, mediante proposta que incorpora o escopo teórico de Milton Santos sobre os circuitos da economia urbana, compreender e analisar a distribuição espacial e a correlação de forças no plano técnico e político dos agentes do transporte rodoviário de carga que, sob o nosso ponto de vista, se enquadram no circuito inferior. O autor explicita o fato de que a diferença fundamental entre as atividades de ambos os circuitos está ancorada nas diferenças de tecnologia e organização, e destaca que “não são sistemas isolados e impermeáveis entre si, mas, ao contrário, estão em interação permanente” (SANTOS, 2008, p.261). O circuito inferior compõe-se de uma multiplicidade de atividades pouco capitalizadas que imprescindem do uso de técnicas contemporâneas – embora novos objetos sejam utilizados em menor grau e frequentemente a partir de outras combinações – e aumenta pela produção de pobreza e dívidas sociais, resultado direto das modernizações tecnológicas e organizacionais contemporâneas que têm fortalecido o circuito superior das economias urbanas. Ao relacionar as características estruturais dos circuitos com a rede urbana e o processo de industrialização, Santos afirma que há também superposição das atividades dos dois circuitos: “Como o circuito inferior está presente em todas as cidades, as atividades dos dois circuitos confundem-se em toda parte no sistema urbano, tanto nas metrópoles como nas cidades” (SANTOS, 2008, p.331). No transporte rodoviário de carga essa questão se expressa nas relações de subordinação e complementaridade que ocorrem no que estamos chamando de “cadeia de subcontratações”, gerando tensões e distensões entre os agentes que extrapolam o âmbito meramente intraurbano e compõem a dialética espacial entre os dois circuitos. A consciência de como funciona a engrenagem dessa dinâmica pode potencializar uma maior representatividade dos autônomos no plano sindical, fortalecendo a ação política e a luta por condições de trabalho mais dignas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Daniel Monteiro Huertas, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), campus Osasco

Doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP)

Professor adjunto da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), campus Osasco

Autor do livro "Da fachada atlântica à imensidão amazônica: fronteira agrícola e integração territorial" (Annablume, 2009)

Downloads

Publicado

23/12/2016

Edição

Seção

Artigos