"DIVULGAÇÃO" CIENTÍFICA E EXPROPRIAÇÃO DO SABER TRADICIONAL
Palavras-chave:
Bioprospecção. Comunidades tradicionais. Mercado científico/empresarial. Habitus.Resumo
Com o mundo globalizado, os países preocupam-se com sua soberania sobre seus recursos genéticos. Esta foi garantida pela Convenção sobre Diversidade Biológica, em 1992. O conhecimento tradicional relacionado ao patrimônio genético atualmente também perpassa por proteção legal, a partir da medida provisória nº 2.186-16/2001, que garante a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da exploração de componente do patrimônio genético e do conhecimento tradicional associado. Entretanto, quando o conhecimento tradicional se encontra em domínio público a repartição de benefícios não é obrigatória. Deste modo, os pesquisadores são atores fundamentais neste processo, pois cabe a eles publicar estas informações. Trabalhos científicos fazem levantamentos e sistematização do conhecimento tradicional associado a recursos genéticos e expõem o potencial de bioprospecção de espécies da fauna e flora à comunidade científica/empresarial, que a partir deste, podem desenvolver produtos sem a obrigatoriedade da repartição dos benefícios gerados. Neste ponto cabem as indagações: quais fatores levam os pesquisadores a publicarem tais informações? Há o conhecimento/preocupação com as questões socioculturais? Analisando o cientista a partir dos conceitos-chave do sociólogo Pierre Bourdieu, ou seja, campo científico e habitus, o objetivo deste trabalho é apresentar as práticas dos cientistas que pesquisam e divulgam o conhecimento tradicional, como beneficiadoras do mercado científico/empresarial em detrimento das questões culturais e de sociabilidade deste conhecimento nas comunidades tradicionais.Downloads
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