O USO PEDAGÓGICO DAS IMAGENS NA CORRESPONDÊNCIA PAPAL DE GREGÓRIO I (590-604)
DOI:
https://doi.org/10.47209/1519-6674.v30.n.1.p.26-38Palavras-chave:
Gregório I, Papado medieval, Imagens, hegemoniaResumo
O bispo Serenus de Marselha foi alvo de uma repreensão particular por parte do papa Gregório I. Tal reprovação diz respeito a uma suposta a adoração de imagens sacras por parte do bispo gaulês. Essa reprimenda constitui o primeiro exemplo do magistério pontifício a este respeito. De forma geral, Gregório I acreditava que as imagens constituem um lembrete dos ensinamentos recebidos e só eram válidas se conhecem esses ensinamentos, sejam eles aprendidos por escrito, por escuta atenta aos sermões ou até mesmo por meio de ministros locais que acompanhavam uma visita com explicações adequadas. Portanto, os sacerdotes da Igreja, entendidos aqui ora como intelectuais orgânicos ora como tradicionais, adquirem uma importância capital na correta instructio dos fiéis nos desígnios de Deus e, por extensão e reflexo, na própria posição do papado, seja como facção da classe dominante hegemônica ou facção da classe dominante subordinada, nas batalhas pela hegemonia. O fato de Gregório reiterar fundamentalmente o emprego das imagens como instrução, permite-nos elencar outros dois papeis das imagens: aprender não se restringe unicamente a descobrir, mas também a recordar. Neste sentido, a imagem tem a função de nutrir o entendimento das coisas santas; outrossim, elas podem sensibilizar o espírito, provocando uma emoção de compunção que possibilita ascender-se a veneração de Deus. Não devemos esquecer também, conforme nos lembra Gramsci que a batalha cultural configura-se como componente fundamental na constituição da hegemonia, seja para a manutenção ou ampliação desta por parte das classes dirigentes; seja, para a conquista do consenso e da direção político-ideológica por parte das classes subalternas.
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