AO CABARÉ NUNCA MAIS: O IDEAL FEMININO E A RESTRIÇÃO DOS SEUS ESPAÇOS NO ALTO MADEIRA
DOI:
https://doi.org/10.47209/1519-6674.v.28.n.1.p.247-261Palavras-chave:
Porto Velho, Formação cultural, Discurso.Resumo
Esta análise busca compreender os mecanismos discursivos na formação do “ideal feminino” nas páginas do jornal Alto Madeira na década de 1980. Tendo em vista a efervescência, nesse período, dos garimpos às margens do Rio Madeira e a longa distância que muitos deles tinham de Porto Velho, pequenos núcleos urbanos improvisados formavam-se no entorno da atividade garimpeira. Mesmo erguidos com madeira não beneficiada e pedaços de lona, muitos barracos transformavam-se em pequenos comércios que possuíam múltiplas funções para atender às demandas dos trabalhadores. Não demorou para que muitos desses pontos comerciais, de tão polivalentes (sendo, muitas vezes, no mesmo local, bar-restaurante-cabelereiro-oficina mecânica), também se tornassem centros de prostituição. Em 1981, a Polícia Civil deflagrou a “Operação Garimpo” com o objetivo de garantir a segurança nos garimpos mais desassistidos. No ano seguinte, a operação foi levada adiante delimitando restrições, proibindo a entrada nos garimpos de bebidas, cocaína, maconha e mulheres. A restrição pautava-se na conjugação entre álcool e mulheres como principal responsável pelas confusões que lá ocorriam. Neste viés, os discursos veiculados pelo Alto Madeira sobre a mulher e sua função social apontavam para a naturalização da responsabilidade feminina em seus postos “dignos” de trabalho, indicando a moralidade e a pudiscidade como características a serem cultivadas. Há, discursivamente, portanto, uma seletividade dos espaços a serem ocupados na sociedade a partir de um critério de gênero, que atribui à mulher uma responsabilidade “natural”, por ser foco de “confusão” e por ter que prestar penitência em honra às conquistas desses espaços selecionados.
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