“QUE HISTÓRIA DEVO CONTAR?”: EXPERIÊNCIAS DAS AULAS DE HISTÓRIA COM ALUNOS DO MAGISTÉRIO INDÍGENA TAMÎKAN

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47209/1519-6674.v.28.n.1.p.38-58

Palavras-chave:

história, narrativas, indígenas, metodologia

Resumo

A pergunta “Que história devo contar?” foi norteadora para que ocorressem as aulas de história que ocorreram entre os dias 02 a 14 de abril de 2018 com os alunos do Magistério Indígena TamîKan no Centro de Formação de Profissionais da Educação de Roraima – CEFORR. A turma era formada por 42 indígenas de diversas comunidades do estado de Roraima que se autoidentificam com 4 etnias: Wapichana, Macuxi, Ingarikó e Wai Wai. Neste sentido, considerando que foi uma capacitação para professores indígenas que poderão trabalhar os mesmos temas nas escolas de suas comunidades, isto é, trabalhar algumas categorias mais particulares como tempo e sujeitos que compões a forma de se contar a história indígena pelos próprios sujeitos que as vivenciam, fugindo assim da concepção ocidental de que a história estuda o homem no tempo, busquei direcionar este trabalho para se discutir e propor novas metodologias para o ensino da história nas escolas indígenas, bem como elaboração de materiais didáticos para subsidiar os mesmo. Dessa forma, os alunos elaboraram diversos trabalhos com os mais diferentes temas e abordagens e com ilustrações, muitos desses trabalhos estava apenas na sua língua. Destaco que, esta foi minha primeira experiência na docência com alunos indígenas e que para além de serem alunos, já eram professores atuantes dentro de suas comunidades trabalhando com o ensino da língua indígena, o que possibilita uma relação bilíngue na condição de ser professor na sua comunidade, e na condição de ser aluno nos períodos de sua formação. Os alunos do magistério TamîKan possuem trajetórias diferentes e estão inseridos em diversos contextos culturais e de contato, que faz com que isso reflita nas demandas trazem para sua formação, como por exemplo questionamentos à políticas publicas, a precariedade do ensino e sucateamento das escolas indígenas, como também outros que estão mais preocupados com os resgate da língua indígena e práticas culturais, ou também dominar a cultura do branco para levar para suas comunidades melhorias no ensino e na vida comunitária, relação com suas organizações políticas, a educação, a política indigenista, movimentos sociais, contato com outros grupos étnicos e alianças, igreja. Neste sentido, busco aqui realizar uma reflexão desta forma de se pensar a história contada pelos sujeitos que vivenciam no sentido de se pensar a história como parte de suas identidades étnicas e como fundamentos para reivindicação de direitos além de oferecer um espaço no qual os alunos/professores também sejam pesquisadores na sala de aula e produtores do próprio conhecimento, além de perceberem que são os próprios sujeitos históricos.

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Biografia do Autor

Eriki Aleixo de Melo, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFAM; Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia

Indígena wapichana com graduação em Licenciatura Plena em História pela Universidade Federal de Roraima - UFRR; Membro do Grupo de Estudo Interdisciplinar em Fronteiras-GEIFRON. Pesquisador do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, com estudos sobre as Terras Indígenas demarcadas em Ilhas no Estado de Roraima, especificamente na Terra Indígena Serra da Moça - Região Murupú, Boa Vista-RR, analisando as demandas sociais dos povos indígenas, conflitos territoriais, cosmologia Wapichana e gestão territorial. Atua no movimento indígena do estado de Roraima.

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Publicado

31/08/2018

Edição

Seção

ARTIGOS - DOSSIÊ